Espero que aqueles que escrevam ou gostem de autoajuda, incluindo amigos meus, não se sintam ofendidos com o que vou falar. Não é nada pessoal, mas não posso deixar de manifestar o que penso a respeito.
Sempre pensei na Autoajuda como Psicologia descontextualizada, extremamente simplista e rasa. Começo por dizer que a Psicoterapia é tão antiga quanto a humanidade. A autoajuda nasceu no mundo contemporâneo, no sistema capitalista.
A Psicoterapia é um processo permanente, uma autoconstrução engajada, um despertar da alma para a evolução. A autoajuda é um alívio instantâneo e passageiro, uma brisa, não deixa marcas e nem engaja o indivíduo num esforço comprometido.
A Psicoterapia é deflagrada por influências de grandes mestres, cientistas, de pais e mães, de educadores e grandes pensadores que tocam a alma, transformam a vida, conferem sentido à existência. A autoajuda é vendida por escritores ralos, com escritos simplistas, que estão interessados em exibir frases bonitas e bem arranjadas e por editores que querem ganhar dinheiro.
A Psicoterapia precisa estar embasada em profundo conhecimento, científico e filosófico, do ser humano: de seus aspectos biológicos, psicológicos, sociais, espirituais… A autoajuda não tem raízes teóricas, não tem fundamentos filosóficos e muito menos preocupação com rigor científico.
A Psicoterapia propõe mudanças e atitudes radicais no indivíduo e na sociedade; não é fácil modificar e modificar-se. A autoajuda está mais interessada em agradar os leitores do que provocar reflexão, autocrítica e crítica social.
A Psicoterapia se faz sempre na relação entre os seres humanos, relação autêntica, afetiva, que pode ser amparada por livros e idéias, mas só se dá no diálogo e na relação entre dois ou mais indivíduos. A autoajuda promete melhorias individualistas, felicidade fácil, panacéias inócuas, “receitas de bolo”.
A Psicoterapia faz com que as pessoas se sintam responsáveis por si e pelo outro, responsáveis pela sociedade, responsáveis pelo planeta; atuantes no universo/meio em que vivem. A autoajuda atende aos desejos de sucesso financeiro, de prazer sexual, de autocura ilusória – enfim, tudo o que o egoísmo quer, sem muito esforço e responsabilidade.
A Psicoterapia não dá receitas, propõe processos; não lida com o sucesso a curto prazo, mas com a realização integral para a eternidade; não se compra em supermercado ou banca de jornal. Esse processo não precisa ser difícil, mas também não é mágico…é fruto de coragem, comprometimento e dedicação consigo mesmo. A autoajuda, ao invés, é mercadoria em toda parte, está sempre ditando regrinhas tolas para uma realização pessoal rala, sem consistência.
Enfim, a Psicoterapia faz parte do nosso propósito existencial – fomos lançados no universo para nos fazermos a nós mesmos, através de múltiplas vidas e atingirmos a plenitude de virtude, ciência e capacidade criadora. É um processo integral.
E a autoajuda é um movimento editorial comercial, cujo interesse maior é distrair as mentes, agradar ao ego, sussurrar frases feitas e ganhar rios de dinheiro à custa de pessoas… – pessoas que muitas vezes estão perdidas de si ou em desespero, esperando que algo externo as liberte do labirinto. O que não é possível nem duradouro, visto que tudo começa e termina dentro de nós.
Esta é uma adaptação do texto de Dora Incontri, que chegou até mim através do meu querido amigo-irmão, Rodrigo Passini Moreno. Neste texto, Dora se propôs a falar de forma clara as diferenças entre a Educação e Autoajuda, tomei a liberdade de adaptá-lo quanto as diferenças entre a psicoterapia e Autoajuda.