(trecho extraído do livro "As Ordens da Ajuda" - Bert Hellinger)
ESPAÇO QUE VISA ESCLARECER, INFORMAR, DISCUTIR E FACILITAR O ACESSO A ASSUNTOS PERTINENTES A PSICOLOGIA E A SAÚDE. ENTRE E SEJA BEM-VINDO!
sexta-feira, abril 29, 2011
O Arquétipo da Ajuda
(trecho extraído do livro "As Ordens da Ajuda" - Bert Hellinger)
quinta-feira, abril 21, 2011
CITAÇÃO DO DIA
(Comer, Amar, Rezar)
sábado, abril 16, 2011
CITAÇÃO DO DIA
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."
quinta-feira, abril 14, 2011
Um pouco mais sobre Constelações - Entrevista com Vera Lúcia Bassoi - TV Nova Regional
quarta-feira, abril 13, 2011
Entrevista sobre Constelações Familiares - TV Gazeta - Dr.Décio Fábio
domingo, abril 10, 2011
CITAÇÃO DO DIA
sábado, abril 09, 2011
CITAÇÃO DO DIA
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento".
Clarice Lispectorsexta-feira, abril 08, 2011
Confidencialidade no trabalho com Constelações
ALGUMAS FRASES CHAVES EM CONSTELAÇÕES
Diferenças básicas entre as Constelações Familiares e as Organizacionais
Constelações Organizacionais/ Empresariais
Bases das Constelações
CITAÇÃO DO DIA
"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo".
Hermann Hessequinta-feira, abril 07, 2011
CITAÇÃO DO DIA
"(...) A experiência é para mim, a suprema autoridade. A minha própria experiência é a pedra de toque de toda a validade. Nenhuma idéia de qualquer pessoa, nem nenhuma de minhas próprias idéias, têm a autoridade que reveste a minha experiência... É sempre à experiência que eu regresso, para me aproximar cada vez mais da VERDADE, no processo de descobrí-la em mim(...)NEM a Bíblia, nem os profetas - nem Freud, nem a investigação- nem as revelações de Deus ou dos homens - podem ganhar precedência relativa a minha experiência direta" (Carl Rogers)
CITAÇÃO DO DIA
terça-feira, abril 05, 2011
Dúvidas Frequentes sobre Constelações Familiares
O que é constelação familiar?
Trata-se de um método de ajuda baseado nas descobertas do alemão Bert Hellinger. Ele se baseia no uso de representantes neutros para representar membros da família ou grupo social do cliente. Hellinger descobriu que há 3 leis (ou necessidades) que atuam na família: hierarquia (estabelecida pela ordem de chegada), pertencimento (estabelecido pelo vínculo), equilíbrio (estabelecido pelo dar e tomar/receber). Quando tais leis são violadas numa família, surgem compensações que atuam em outros membros da mesma (muitas vezes em membros que sequer haviam nascido quando o problema aconteceu). Graças à representação, o cliente pode perceber para onde olha o seu amor e como tais leis podem ser novamente respeitadas. Então ele pode, talvez, enxergar o próximo passo que o conduza de uma maneira mais leve na vida, solucionando a questão que o incomoda.
Porque o nome "Constelações"?
O nome original do trabalho desenvolvido por Bert Hellinger em alemão éFamilienaufstellung e significa, numa tradução literal,"Colocação [Representação] familiar". Porém o verbo "stellen" em alemão foi traduzido ao inglês como "constellate", ou seja, posicionar certos elementos numa configuração dada. Como o primeiro livro traduzido ao português veio do inglês, foi então traduzido como "constelações familiares". O termo "constelação" aqui nada tem a ver com estrelas, astrologia, esoterismo ou similares, mas tem sim uma conotação de uma representação onde os elementos são posicionados numa certa configuração de relações.
Esta abordagem tem algo em relação a alguma religião?
Não. A abordagem não está ligada a nenhuma religião ou credo. Também não pressupõe a necessidade de que o cliente creia em nada de antemão. É uma abordagem empírica e é baseada na própria percepção do cliente e dos representantes. Quem quer que misture essa abordagem com religião não está seguindo a metodologia segundo ela foi criada.
É necessário que o cliente saiba de todas as informações relativas a seus pais, avós e bisavós?
Não. Não é necessário. Como regra, quase sempre aquilo que atua em uma família nem sempre é totalmente sabido por todos os membros dessa família. Por exemplo, é comum que relações amorosas dos pais ou avós que antecedem o casamento dos mesmos sejam pouco conhecidas pelos filhos ou netos. Sendo assim seria inútil a alguém querer saber de antemão todas as informações relevantes, mesmo porque essa pessoa não saberia exatamente que informações buscar e nem com quem da família deveria fazê-lo. Habitualmente as constelações tem a propriedade de descortinar as informações cruciais que tem relevância. Aliás esse é o maior mérito dessa abordagem. Assim sendo, para quem deseja participar, sugerimos apenas relaxar e participar sem se ocupar em levantar informações prévias. O essencial se mostra através do trabalho em si.
Se vou para o workshop com três questões muito importantes, mas trabalho apenas uma, depois o que eu faço com as outras duas?
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, quando trabalhamos com sistemas, observamos que poucas causas geram uma miríade de efeitos. Como diz Bert Hellinger, "todos os raios de uma roda se unem no mesmo centro". Uma desordem fundamental gera uma sequência de perturbações em diversos aspectos da vida do indivíduo que parecem a princípio desconectados entre si, mas na verdade estão ligados e são interdependentes. Já observamos pessoas constelarem até 4 temas "diferentes" e as 4 constelações, feitas por 4 consteladores diferentes gerarem ao final a mesma imagem de solução. Sendo assim, se você escolhe um tema realmente importante, a constelação o levará a um ponto essencial para a solução. Uma vez que tal imagem é tomada seriamente pelo cliente isso produz geralmente efeitos em diversos aspectos de sua vida. Por regra sugerimos a cada cliente que aguarde algum tempo antes de constelar "outros temas", exatamente por isso. Porém se depois de algum tempo os demais temas ainda permanecerem importantes e você ainda não estiver conseguindo resolvê-los sozinho, aí sim sugerimos uma nova constelação, caso você acredite que ela poderá ajudá-lo.
É indicado que vá a família inteira para constelar?
Não é preciso, mas isso não é proibido. Já tivemos diversas situações onde muitos membros de uma mesma família estavam presentes num grupo, e em todas as ocasiões sempre se mostrou útil para todos. Porém, quando se trabalha numa constelação sempre precisamos ter em conta que o melhor interesse de todos os membros familiares deve ser levado em consideração e o respeito por todos é uma condição primordial para o trabalho.
Posso colocar uma questão empresarial?
Claro. As empresas também estão submetidas as mesmas leis que regem as relações humanas, pois são compostas por pessoas. Nesse caso porém temos que levar em conta que somente podemos trabalhar com questões onde o participante tem poder de mudar, ou seja, não podemos constelar uma questão onde o poder de decisão na verdade pertence a outra pessoa, como por exemplo o meu chefe ou o dono do negócio no qual sou empregado. Posso entretanto constelar o departamento do qual sou chefe, pois aí tenho poder de decisão.
É possível constelar problemas com o dinheiro?
Sim, perfeitamente. Tais questões via de regra tem profundas ligações com as relações dentro da família.
Síndrome do pânico é possível constelar?
Não trabalhamos com o foco em doenças, mas em pessoas e suas questões. A síndrome do pânico é um diagnóstico médico e envolve uma reação a diversas questões de fundo familiar diferentes. Assim, não constelamos a “síndrome do pânico”, mas as questões e dificuldades ou temas da pessoa que talvez sofra com tal diagnóstico. Repetindo o que já dissemos antes, nas constelações não trabalhamos com diagnósticos médicos e não pretendemos substituir o tratamento médico ou nos colocar acima dos médicos e da medicina. Trabalhamos com foco nas dinâmicas de amor que atuam na família e isso às vezes tem profundos efeitos terapêuticos, mas não é um substituto para a medicina.
Sou professora, esta abordagem pode me ajudar com meus alunos?
Muito! Existe hoje inclusive no México e na Espanha universidades que ensinam essa abordagem aplicada às escolas – a Pedagogia Sistêmica. No Brasil, a editora Atman (www.atmaneditora.com.br) traduziu e publicou o livro Você é um de nós (Mariane Frank-Gricksch) – somente sobre a aplicação dessa abordagem feita por uma professora a suas turmas de ensino médio, com grande sucesso. No Brasil, o IBHBC inicia em julho 2011 um Curso de Pedagogia Sistêmcia composto por 03 módulos. Em nosso site também coletamos relatos de professores e educadores do Brasil que aplicaram com sucesso essa abordagem na sala de aula. Veja na parte de “Textos Pedagogia Sistêmica” de nosso site. O link éhttp://www.institutohellinger.com.br/principal/index.php?option=com_content&view=category&id=46&Itemid=96
Tenho que tomar uma decisão séria em minha vida, posso constelar isso?
Sim, e inclusive a constelação habitualmente pode revelar muito sobre a situação em si, ampliando a visão do tomador de decisão sobre as muitas questões contextuais que quase sempre a pessoa envolvida não consegue perceber por estar muito “dentro” da questão. No entanto, isso não deve ser usado como uma prescrição.
Sou muito cético, mesmo assim seria possível aproveitar algo desta abordagem?
Essa é uma abordagem empírica, ou seja, baseada na observação direta dos fenômenos que percebemos no cliente e nos representantes. Um ceticismo saudável é sem dúvida uma boa postura para quem deseja algo de qualquer abordagem, e também é o caso das constelações. Não se necessita nenhuma fé, crença, religião, etc. para poder participar e aproveitar algo. Hellinger descobriu certas “leis naturais” dos relacionamentos e tais leis são tão verificáveis quanto a lei da gravidade se nos dermos ao trabalho de observar. Aliás, sempre sugerimos aos participantes que não “acreditem” em nada, mas que verifiquem pela própria observação.
Esta abordagem tem algo com o esoterismo?
Não. Hellinger sempre fundamentou seu trabalho na observação empírica dos fenômenos observados através dos representantes e dos clientes mesmos. Conceitos como “alma” e “espírito” no trabalho de Hellinger tem bases empíricas verificáveis e nada tem a ver com os conceitos que tais palavras têm no jargão habitual. No entanto, diversos facilitadores efetivamente misturam práticas esotéricas em seu trabalho, e isso, à vezes, gera uma certa confusão levando o cliente a ter uma idéia deturpada do que realmente se trata uma Constelação.
Fonte: IBHBC (Instituto Bert Hellinger Brasil Central
Ordens da Ajuda em Constelações Familiares
1. Ajuda, ajudante
O título original do artigo é Die Ordnungen des Helfens, literalmente: As Ordens do Ajudar, que prefiro traduzir por As Ordens da Ajuda, por ser mais consoante com nosso uso. Assim, deve-se entender por ajuda, no presente texto, principalmente a maneira de ajudar e a atitude de quem presta ajuda. Quem presta ajuda – no mais das vezes, profissionalmente – é o que Hellinger denomina “der Helfer”, e que traduzimos literalmente, na falta de termo melhor, por “o ajudante”. Nesta categoria estão compreendidos principalmente os que profissionalmente prestam assistência a outras pessoas (o médico, o terapeuta, o assistente social, o sacerdote...), como também aqueles que o fazem voluntariamente, em caráter não profissional.
2. Ordens
As “ordens”, no sentido típico de Bert Hellinger, são as leis, princípios ou ordenações básicas preestabelecidas, que devem presidir nossos comportamentos. Assim, as "ordens do amor” são as leis que devem presidir nossos relacionamentos, para que o amor seja bem sucedido, e cujo desconhecimento ou desrespeito pode ocasionar conseqüências funestas.
No presente texto, Bert Hellinger fala das ordens que devem presidir toda iniciativa de levar ajuda ao próximo e, de modo especial, a ação com objetivo ou efeito terapêutico.
Nós, seres humanos, dependemos, sob todos os aspectos, da ajuda dos outros, como condição de nosso desenvolvimento. Ao mesmo tempo, precisamos também de ajudar outras pessoas. Aquele de quem não se necessita, aquele que não pode ajudar outros, fica só e se atrofia. O ato de ajudar serve, portanto, não apenas aos outros, mas também a nós mesmos. Via de regra, a ajuda é um processo recíproco, por exemplo, entre parceiros. Ela se ordena pela necessidade de compensar. Quem recebeu de outros o que deseja e precisa, também quer dar algo, por sua vez, compensando a ajuda.
Muitas vezes, a compensação que podemos fazer através da retribuição é limitada. Isso ocorre, por exemplo, em relação a nossos pais. O que eles nos deram é excessivamente grande, para que o possamos compensar dando-lhes algo em troca. Só nos resta, em relação a eles, o reconhecimento pelo que nos deram e o agradecimento que vem do coração. A compensação pela doação, com o alívio que dela resulta, só se consegue, nesse caso, repassando essa dádiva a outras pessoas: por exemplo, aos próprios filhos.
Portanto, o processo de tomar e de dar se processa em dois diferentes patamares. O primeiro, que ocorre entre pessoas equiparadas, permanece no mesmo nível e exige reciprocidade. O outro, entre pais e filhos, ou entre pessoas em condição superior e pessoas necessitadas, envolve um desnível. Tomar e dar se assemelham aqui a um rio, que leva adiante o que recebe em si. Essa forma de tomar e dar é maior, e tem em vista também o que virá depois. Nesse modo de ajudar, o que foi doado se expande. Aquele que ajuda é tomado e ligado a uma realização maior, mais rica e mais duradoura.
Esse tipo de ajuda pressupõe que nós próprios tenhamos primeiro recebido e tomado. Pois só então sentimos a necessidade e temos a força para ajudar a outros, especialmente quando essa ajuda exige muito de nós. Ao mesmo tempo, ela parte do pressuposto de que as pessoas a quem queremos ajudar também necessitam e desejam o que podemos e queremos dar a elas. Caso contrário, nossa ajuda se perde no vazio. Então ela separa, ao invés de unir.
A primeira ordem da ajuda consiste, portanto, em dar apenas o que temos, e em esperar e tomar somente aquilo de que necessitamos. A primeira desordem da ajuda começa quando uma pessoa quer dar o que não tem, e a outra quer tomar algo de que não precisa; ou quando uma espera e exige da outra algo que ela não pode dar, porque não tem. Há desordem também quando uma pessoa não tem o direito de dar algo, porque com isso tiraria da outra pessoa algo que somente ela pode ou deve carregar, ou que somente ela tem a capacidade e o direito de fazer. Assim, o dar e o tomar estão sujeitos a limites, e pertence à arte da ajuda percebê-los e respeitá-los.
Essa ajuda é humilde, e muitas vezes, em face da expectativa e da dor, ela renuncia a agir. O trabalho com as constelações familiares coloca diante de nossos olhos o que deve exigir quem ajuda, tanto de si mesmo quanto da pessoa que busca ajuda. Essa humildade e essa renúncia contradizem muitas concepções usuais sobre a correta maneira de ajudar, e freqüentemente expõem o ajudante a graves acusações e ataques.
A ajuda está a serviço da sobrevivência, por um lado, e da evolução e do crescimento, por outro. Todavia, a sobrevivência, a evolução e o crescimento também dependem de circunstâncias especiais, tanto externas quanto internas. Muitas circunstâncias externas são preestabelecidas e não são modificáveis: por exemplo, uma doença hereditária, as conseqüências de acontecimentos ou de uma culpa. Quando a ajuda deixa de considerar as circunstâncias externas ou se recusa a admiti-las, ela se condena ao fracasso. Isto vale, com maior razão, para as circunstâncias internas. Elas incluem a missão pessoal particular, o envolvimento nos destinos de outros membros da família, e o amor cego que, sob o influxo da consciência, permanece vinculado ao pensamento mágico. O que isso significa em casos particulares eu expus exaustivamente em meu livro “ Ordens do Amor”, no capítulo “Do céu que faz adoecer, e da terra que cura”.
Para muitos ajudantes, o destino da outra pessoa pode parecer difícil, e gostariam de modificá-lo; não, porém, muitas vezes, porque o outro o necessite ou deseje, mas porque os próprios ajudantes dificilmente suportam esse destino. E quando o outro, não obstante, se deixa ajudar por eles, não é tanto porque precise disso, mas porque deseja ajudar o ajudante. Então, quem ajuda realmente está tomando, e quem recebe a ajuda se transforma em doador.
A segunda ordem da ajuda é, portanto, que ela se amolde às circunstancias e só intervenha com apoio na medida em que elas o permitem. Essa ajuda mantém reserva e possui força. Há desordem da ajuda, neste caso, quando o ajudante nega as circunstâncias ou as encobre, ao invés de encará-las, juntamente com a pessoa que busca a ajuda. Querer ajudar contra as circunstâncias enfraquece tanto o ajudante quanto a pessoa que espera ajuda ou a quem ela é oferecida ou mesmo imposta.
O protótipo da ajuda é a relação entre pais e filhos e, principalmente, a relação entre a mãe e o filho. Os pais dão, os filhos tomam. Os pais são grandes, superiores e ricos, ao passo que os filhos são pequenos, necessitados e pobres. Contudo, porque os pais e os filhos são ligados entre si por um profundo amor, o dar e o tomar entre eles pode ser quase ilimitado. Os filhos podem esperar quase tudo de seus pais. E os pais estão dispostos a dar quase tudo a seus filhos. Na relação entre pais e filhos, as expectativas dos filhos e a disposição dos pais para atendê-las são necessárias; portanto, estão em ordem.
Contudo, elas só estão em ordem enquanto os filhos ainda são pequenos. Com o avançar da idade, os pais vão impondo aos filhos, em escala crescente, limites com os quais eles eventualmente se atritam e podem amadurecer. Estarão sendo os pais, nesse caso, menos bondosos para com seus filhos? Seriam pais melhores se não colocassem limites? Ou, pelo contrário, eles se manifestam como bons pais justamente ao exigirem de seus filhos algo que também os prepara para uma vida de adultos? Muitos filhos ficam então com raiva de seus pais, porque preferem manter a dependência original. Contudo, justamente porque os pais se retraem e desiludem essas expectativas, eles ajudam seus filhos a se livrarem dessa dependência e, passo a passo, a agirem por própria responsabilidade. Só assim os filhos tomam o seu lugar no mundo dos adultos e se transformam de tomadores em doadores.
A terceira ordem da ajuda
Muitos ajudantes, por exemplo, na psicoterapia e no trabalho social, acham que precisam ajudar os que lhes pedem ajuda, da mesma forma como os pais ajudam seus filhos pequenos. Inversamente, muitos que buscam ajuda esperam que os ajudantes se dediquem a eles como os pais se dedicam a seus filhos, no intuito de receber deles, tardiamente, o que esperam e exigem dos próprios pais.
O que acontece quando os ajudantes correspondem a essas expectativas? Eles se envolvem numa longa relação. Aonde leva essa relação? Os ajudantes ficam na mesma situação dos pais, em cujo lugar se colocaram com essa vontade de ajudar.
Passo a passo, eles precisam impor limites aos que buscam ajuda, decepcionando-os. Então estes desenvolvem freqüentemente, em relação aos ajudantes, os mesmos sentimentos que tinham antes em relação a seus pais. Assim, os ajudantes que se colocaram no lugar dos pais, querendo mesmo, talvez, ser pais melhores, tornam-se, para os clientes, iguais aos pais deles. Porém muitos ajudantes permanecem presos na transferência e na contratransferência da relação entre filho e pais. Com isso, dificultam ao cliente a despedida, tanto de seus pais quanto dos próprios ajudantes. Ao mesmo tempo, uma relação segundo o modelo da transferência entre pais e filhos impede também o desenvolvimento pessoal e o amadurecimento do ajudante.
Vou ilustrar isso com um exemplo:
Quando um homem jovem se casa com uma mulher mais velha, ocorre a muitos a imagem de que ele procura um substitutivo para sua mãe. E o que procura ela? Um substitutivo para seu pai. Inversamente, quando um homem mais velho se casa com uma moça mais jovem, muitos dizem que ela procurou um pai. E ele? Procurou uma substituta para sua mãe. Assim, por estranho que soe, quem se obstina por muito tempo numa posição superior e mesmo a procura e quer manter, recusa-se a assumir seu lugar entre adultos equiparados.
Existem, porém, situações, em que convém que, por algum tempo, o ajudante represente os pais: por exemplo, quando um movimento amoroso precocemente interrompido precisa ser levado a seu termo. Contudo, diferentemente da transferência da relação entre pais e filhos, o ajudante apenas representa aqui os pais reais. Ele não se coloca em lugar deles, como se fosse uma mãe melhor ou um pai melhor. Por esta razão, também não é preciso que o cliente se desprenda do ajudante, pois este o leva a afastar-se dele e a voltar-se para os próprios pais. Então o ajudante e cliente se liberam mutuamente.
Mediante a adoção desse padrão de sintonia com os pais verdadeiros, o ajudante frustra, desde o início, a transferência da relação entre os pais e o filho. Pois, quando respeita em seu coração os pais do cliente, e fica em sintonia com esses pais e seus destinos, o cliente encontra nele os seus pais, dos quais já não pode esquivar-se. A mesma coisa vale quando o ajudante precisa lidar com crianças ou deficientes físicos. Na medida em que ele apenas representa os pais, e não se coloca em seu lugar, os clientes podem sentir-se em segurança com ele.
A terceira ordem da ajuda seria, portanto, que, diante de um adulto que procura ajuda, o ajudante se coloque igualmente como um adulto. Com isso, ele recusa as tentativas do cliente para fazê-lo assumir o papel dos pais. É compreensível que essa atitude do ajudante seja sentida e criticada, por muitas pessoas, como dureza. Paradoxalmente, essa “dureza” é criticada por muitos como arrogância. Quem olha bem, vê que a arrogância consistiria antes no envolvimento do ajudante numa transferência da relação entre pais e filho.
A desordem da ajuda consiste aqui em permitir a um adulto que faça ao ajudante as exigências de um filho a seus pais, para que o trate como criança e o poupe de algo pelo qual somente o cliente pode e deve carregar a responsabilidade e as conseqüências. É o reconhecimento dessa terceira ordem da ajuda que constitui a mais profunda diferença entre o trabalho das constelações familiares e psicoterapia habitual.
A quarta ordem da ajuda
Sob a influência da psicoterapia clássica, muitos ajudantes freqüentemente encaram seu cliente como um indivíduo isolado. Com isso, também se expõem facilmente ao risco de assumirem a transferência da relação entre pais e filho. Contudo, o indivíduo é parte de uma família. Somente quando o ajudante o percebe assim é que ele percebe de quem o cliente precisa, e a quem ele possivelmente está devendo algo.
O ajudante realmente percebe o cliente a partir do momento em que o vê junto com seus pais e antepassados, e talvez também junto com seu parceiro e com seus filhos. Então ele percebe quem, nessa família, precisa principalmente de sua atenção e de sua ajuda, e a quem o cliente precisa dirigir-se para reconhecer os passos decisivos e levá-los a termo. Isto significa que a empatia do ajudante precisa ser menos pessoal e – principalmente - mais sistêmica. Ele não se envolve num relacionamento pessoal com o cliente. Esta é a quarta ordem da ajuda.
A desordem da ajuda, neste caso, consistiria em não contemplar nem honrar outras pessoas essenciais, que teriam em suas mãos, por assim dizer, a chave da solução. Incluem-se entre elas, sobretudo, aquelas que foram excluídas da família, por exemplo, porque os outros se envergonharam delas.
Também aqui é grande o perigo de que essa empatia sistêmica seja sentida como dureza pelo cliente, sobretudo por aqueles que fazem reivindicações infantis ao ajudante. Pelo contrário, aquele que busca a solução, de maneira adulta, sente esse enfoque sistêmico como uma liberação e uma fonte de força.
A quinta ordem da ajuda
O trabalho da constelação familiar aproxima o que antes estava separado. Nesse sentido, ele está a serviço da reconciliação, sobretudo com os pais. O que impede essa reconciliação é a distinção entre bons e maus membros da família, tal como é feita por muitos ajudantes, sob o influxo de sua consciência e de uma opinião pública presa nos limites dessa consciência. Por exemplo, quando um cliente se queixa de seus pais, das circunstâncias de sua vida ou de seu destino, e quando um ajudante se associa à visão desse cliente, ele serve mais ao conflito e à separação do que à reconciliação. Portanto, alguém só pode ajudar, no sentido da reconciliação, quando imediatamente dá um lugar em sua alma à pessoa de quem o cliente se queixa. Assim, o ajudante antecipa na própria alma o que o cliente ainda precisa realizar na sua.
A quinta ordem da ajuda é portanto o amor a cada pessoa como ela é, por mais que ela seja diferente de mim. Dessa maneira, o ajudante abre a essa pessoa o seu coração, de modo que ela se torna parte dele. Aquilo que se reconciliou em seu coração também pode reconciliar-se no sistema do cliente. A desordem da ajuda seria aqui o julgamento sobre outros, que geralmente é uma condenação, e a indignação moral associada a isso. Quem realmente ajuda, não julga.