Assim como os adultos as crianças também apresentam dificuldades pessoais e demonstram sentimentos e emoções de acordo com cada faixa etária. Identificar o sofrimento da criança e ajuda-la na busca de novos caminhos é o nosso principal objetivo.
Geralmente, os pais ou os professores encaminham a criança para um acompanhamento psicoterápico quando observam algum comportamento não usual que os preocupam. Alguns exemplos desses comportamentos são os comportamentos de bater, morder, chutar ou empurrar pessoas, destruir objetos, roubar e mentir em excesso. Os pais também se preocupam quando o filho é muito quieto, tem dificuldade pra fazer amigos, é muito tímido ou parece triste. Crianças que adoecem muito, crianças que não obedecem os pais, aquelas que tem dificuldades de aprendizagem ou de atenção, também podem ser ajudadas pela psicoterapia infantil. A terapia promove o exercício da observação do comportamento, para que os pais possam identificar se os comportamentos dos seus filhos são adaptativos ou não. Ao longo do processo psicoterápico, os pais aprendem a identificar as dificuldades de seus filhos e também suas potencialidades. O terapeuta conduz os pais na discussão das expectativas que têm a respeito dos comportamentos e dos sentimentos de seus filhos.
Alguns acontecimentos como a morte ou o adoecimento de algum membro da família, a separação dos pais, o casamento de um dos pais, o nascimento de um irmão, a mudança de cidade ou de escola, ter sofrido ou presenciado algum tipo de violência, influenciam a saúde psicológica da criança, que muitas vezes precisa de ajuda para identificar e compreender seus sentimentos e pensamentos sobre esses episódios marcantes de sua vida. A terapia infantil, portanto, é um momento no qual a criança é acolhida e ouvida, podendo expressar seu universo privado e aprender maneiras adaptativas de comunicar sentimentos como raiva, saudade, tristeza, frustração, medo, ansiedade e amor.
A participação dos pais é fundamental no processo terapêutico. O propósito da terapia é, muitas vezes, fornecer conhecimento e repertório comportamental aos pais, para que eles possam participar ativamente da melhora de suas interações com seus filhos. As relações entre pais e filhos podem ser marcadas por desobediência, birras, desentendimentos, discussões, brigas e punições, que acabam fazendo sofrer tanto os pais quanto os filhos. Essas condições familiares aversivas geram sentimentos de culpa, arrependimento e insegurança quanto à educação dos filhos. Interromper esse estilo coercitivo e punitivo das interações adulto-criança é o primeiro passo de mudança. Desse modo, os pais encontram na terapia orientações sobre maneiras alternativas de lidar com as dificuldades familiares.
Durante o atendimento à criança, o terapeuta infantil usa estratégias lúdicas como histórias, desenhos, colagens, pinturas, jogos, de acordo com a idade da criança, para criar um ambiente no qual ela se sinta à vontade. Por meio dessas atividades, o terapeuta tem oportunidade de conhecer melhor a criança, seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Assim como no caso dos adultos, a psicoterapia infantil pode ser realizada individualmente ou em grupos.
Baseado do artigo de Yvanna A. Gadelha-Sarmet