"Caminhante, tuas pegadas são o caminho (...)
Não há caminhos; faz-se o caminho ao andar".

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Por que a Psicoterapia funciona?

As pesquisas têm demonstrado uma grande eficácia da psicoterapia. Mesmo as recentes tecnologias de mapeamento cerebral têm permitido demonstrar como o tratamento psicológico age, transformando o funcionamento cerebral.
Pela complexidade do tema existem centenas de livros e pesquisas explorando e explicando porque a psicoterapia funciona. Mesmo assim, como simples exercício de compreensão, vamos listar alguns motivos para explicar a efetividade da psicoterapia, dos mais simples aos mais complexos.
No início da lista, como num continuum , temos aqueles motivos que são comuns a outras relações de ajuda, mesmo não profissionais, como uma conversa íntima com um amigo, uma conversa sobre um problema pessoal com um professor, um médico, etc.

Avançando na lista vamos chegando aos motivos que são mais comuns na psicoterapia até aqueles que são exclusivos da psicoterapia - possíveis pelo cuidadoso treinamento teórico e técnico adquirido pelo psicólogo em sua trajetória de formação profissional. Eis o continuum com alguns motivos pelos quais a psicoterapia funciona:
1- Ao dividir um problema, você passa a ter "meio problema". Ou seja, compartilhar ajuda a aliviar a carga emocional e o sofrimento
2- Os vínculos de ajuda têm um poder curativo. É mais fácil superar muitas dores através de uma relação autêntica de respeito mútuo do que sozinho. A relação terapêutica é uma relação de ajuda, de compreensão e apoio.
3- A psicoterapia faz você parar para refletir sobre a própria vida. Parar, observar e refletir permite muitas mudanças de orientação, sentido, rumo e aprofundamento da experiência de vida.
4- O psicólogo clínico (psicoterapeuta) é um outro, com o olhar e a perspectiva de um outro, o que lhe ajudará ver a sua vida de um modo diferente, lhe fazer perguntas diferentes, ajudá-lo a perceber as coisas de um ângulo que você não tinha visto antes e nem suspeitava ser possível.
5- O psicoterapeuta conhece teorias psicológicas que ajudam na compreensão do que ocorre com você, auxiliam a identificar o que pode estar errado em sua vida, a direção que você está seguindo e as mudanças de rumo necessárias. A partir de seu conhecimento o psicólogo pode apontar o que olhar, como olhar e o que fazer com o que se descobre, para que estas descobertas possam ser construtivas em sua vida.
6- O psicoterapeuta conhece métodos de investigação que tornam possível descobrir aspectos da sua personalidade que seriam inacessíveis a uma observação não treinada. Há um amplo repertório de técnicas de investigação da personalidade que permitem esclarecer problemas de modo extremamente eficaz.
7- O psicoterapeuta domina técnicas terapêuticas que permitem ajudá-lo a realizar mudanças profundas na existência.
8- O psicoterapeuta está preparado para compreender você a partir do vínculo que você estabelece com ele, das respostas emocionais que você suscita nele. Em seu treinamento ele afinou a si mesmo como instrumento de trabalho para reconhecer pequenas nuances do que você mostra na relação com ele (e consequentemente com os outros) e assim poder compreender seus modos de vinculação e suas dificuldades em relacionamentos.
9- O psicoterapeuta é capaz de oferecer uma presença autêntica na relação com você. Esta relação funciona como catalisador de processos de mudança necessários em sua vida, incluindo a superação dos efeitos de traumas de relacionamentos anteriores.
10- O psicoterapeuta passou por todos estes passos anteriores, tendo estado em todos os papéis, como cliente, como profissional e como observador, o que o habilita a "sentir-se em casa" em situações difíceis e poder caminhar por terrenos inóspitos, cheios de sofrimento e problemas emocionais e saber encontrar um caminho de melhora para o seu cliente.
Certamente esta lista poderia ser estendida, mas o objetivo aqui, é ilustrar o trabalho da Psicologia Clínica numa linguagem diferente daquela do universo teórico, técnico e científico habitual na Psicologia.