"Caminhante, tuas pegadas são o caminho (...)
Não há caminhos; faz-se o caminho ao andar".

segunda-feira, dezembro 03, 2012

O Destino nas Constelações




A compreensão de nosso destino e o assentimento a ele estão no cerne do trabalho das constelações. Chamamos de destino as forças que, vindas do passado, nos ligam inelutavelmente ao efeito bom ou funesto de certos eventos. O efeito dos acontecimentos nos é imposto, quer o queiramos ou não, e não temos a possibilidade de interferir nele.

A força do destino se revela, em relação a acontecimentos traumáticos numa família, de uma forma às vezes inquietante. Nas constelações experimentamos constantemente, e de modo impressionante, que somos muito pouco livres e reeditamos em própria vida, sem o saber nem querer, destinos passados e acontecimentos dolorosos, numa espécie de compulsão repetitiva. O efeito maior das constelações consiste em nos fazer perceber como, sem necessidades próprias, revivemos necessidades passadas e não aquietadas de outras pessoas, como se o que passou tivesse de ficar em paz e se tornar definitivamente passado. Este é o pão habitual do trabalho com constelações.

A concordância com a ligação ao destino significa por acaso fatalismo? De maneira nenhuma. Pelo contrário. É verdade que a configuração de nossa vida pelos destinos anteriores não pode ser anulada, mas para o futuro nos tornamos mais livres através do que se mostra nas constelações. Então o destino alheio poderá ser de algum modo exteriorizado, tornando-se uma interface à qual já não estamos cegamente entregues. Pois a alma não liga indissoluvelmente a destinos, ela nos libera deles através de um insight, de um movimento próprio inconsciente ou, às vezes, de um modo totalmente casual (com ou sem constelação).

Numa época em que às vezes julgamos que nossa vida esta completamente em nossas mãos - uma ilusão de muitos individualistas -, o reconhecimento do destino e o assentimento à ligação com o destino próprio e alheio constitui um desafio. Tanto nos acostumamos à idéia de uma livre razão e de uma autonomia individual que nos recusamos a reconhecer o que em épocas passadas foi descrito como daimonía e eudaimonía - a triste sina e a felicidade presenteada. O trabalho das constelações é seguramente uma afronta a uma psicoterapia que valoriza acima de tudo a autonomia e a emancipação individual e considera a humildade como uma submissão. Porém basta ler jornais e romances para perceber como atua o destino e como o nosso poder e a nossa impotência partilham a realidade.

Muitas pessoas sentem, instintivamente, como um processo benéfico a reverência diante do destino ou diante de pessoas a que somos ligados pelo destino. Uma reverência autêntica é quase sempre experimentada por nós como solução e liberação. Quem precisa se curvar não é a criança pequena, mas o adulto. E a reverência abarca vários processos: o ato de curvar-se, o deixar que algo morra, e o ato de erguer-se. Bem longe de ser um processo humilhante, a reverência exige coragem. Ela proporciona força, alívio da respiração e abertura de espaço.

O destino, como força que inelutavelmente dispõe, não faz caso de nossa vontade: ele a toma de roldão, sem esperar o nosso consentimento. O destino não é uma pessoa, embora freqüentemente seja representado por uma pessoa nas constelações. É um acontecimento direcionado a partir do passado, um movimento que nos liga, através da alma, à realidade maior. Quantas vezes os clientes falam de sua luta para não se tornarem iguais a seu pai ou a sua mãe, e quantas vezes acrescentam que essa luta resultou em fracasso! Quantos clientes quiseram fazer melhor que seus pais, e quantos confessam que não o conseguiram! Um dos paradoxos da vida humana é que a luta contra o destino nos liga ainda mais a ele, e o assentimento ao destino nos torna mais livres. É como um redemoinho num rio. Quem luta contra a sua sucção é puxado ainda mais para o interior, e quem sem pânico se entrega à sua força é muitas vezes impelido para fora.

Reconhecimento do destino não significa entregar-se à doença sem vontade e com resignação. Significa acompanhá-la com as forças do corpo e da alma. Então, como num redemoinho, elas são de novo liberadas da atração da doença ou da morte. Aqui muitas vezes faz sentido perguntar: O que há na doença que quer curar? Naturalmente, o doente precisa de apoio externo. E muitas constelações ajudam pessoas enfermas a se confiarem aos serviços médicos. Mas as constelações também as fazem confrontar-se com a morte. Uma senhora, gravemente doente, procurava saber através de uma constelação as causas de sua doença. O representante da morte, colocado diante dela, olhou-a com carinho, colocou-se ao lado dela e abraçou-a pelo ombro. Ela se defendeu com lágrimas, mas o representante da morte não cedeu. Dois anos depois, essa senhora escreveu ao terapeuta: "Eu me defendi muito contra a morte, e finalmente a aceitei. Agora ela está a meu lado já há algum tempo, e estou viva". Mas também existe o movimento oposto. Outra mulher em estado grave, que se sentia fortemente atraída a seguir na morte seu pai, enredado em grave culpa, pediu ao terapeuta que se esforçava por desprendê-la da morte: "For favor, deixe-me ir para meu pai!" Ela se deitou junto do representante do pai, estreitou-o nos braços, sorriu para ele com amor entre lágrimas, até que se acalmou completamente. Na continuação do grupo ela atuou com alegria e energia e colocou muitas questões práticas sobre seu comportamento em relação ao marido e aos filhos. Notou-se que ela se preparava para sua morte. Que vontade terapêutica teria aqui a força e o direito de se opor à sua morte?

 (Jakob Schneider)

Terapia Sistêmica Fenomenológica


Como se posicionar dentro da família?


Uma das características que demonstram emaranhamento sistêmico dentro de uma família é a confusão de papéis entre vários membros. Um pai não está no seu lugar – como pai ou marido, por exemplo. Ou uma mãe não está no lugar da esposa e mãe. Os filhos também não estão no papel de filhos, e muitas vezes interferem na vida dos pais. Da mesma forma, os pais querem interferir na vida dos filhos adultos. Irmãos querem mandar em irmãos. Você já viu situações como esta, não é mesmo? Tudo isso está fora da ordem.

Antes de falar sobre a ordem na família, vou explicar o que é emaranhamento: emaranhamento quer dizer que as pessoas não se encontram numa ordem adequada, onde o amor pode fluir por todos os membros familiares. As pessoas estão identificadas com situações do passado ou até com vivências de ancestrais, e por isso, não conseguem viver uma vida livre e plena, aqui e agora. Essa identificação com o passado impede de viver plenamente o aqui e agora, com toda energia vital. As emoções ficam distorcidas, um sujeito sente-se extremamente cobrado numa situação, sem ter tantas razões para isso, enquanto que outro se sente culpado, sem saber o porquê. E então, estas emoções distorcidas são jogadas para dentro do relacionamento familiar, com cobranças mútuas, acusações, sentimentos de culpa, gente se fazendo de vítima, outros chantageando, outros ainda agredindo… lembra até a comédia italiana Parente Serpente, de Monicelli…

Eu acho engraçado porque minha família não foge à regra… Bem, mas vamos ao que interessa: como se posicionar diante de tudo isso? Como trabalho com constelação familiar sistêmica, vou expor a visão de Bert Hellinger. Tenho visto muitas pessoas se libertando deste círculo vicioso de jogos, culpa e acusação, somente aplicando no dia-a-dia uma das regras que Hellinger chama de hierarquia. Lógico que não é tão simples, pois se estamos envolvidos em embrulhos familiares, estamos atolados até o pescoço destas emoções distorcidas, e temos nossa parcela de responsabilidade. Na verdade, temos toda a responsabilidade pela nossa felicidade! Nada é culpa dos parentes, sejam eles pais, irmãos ou antepassados.

Por isso, diria que a primeira parte da sua libertação é assumir a total responsabilidade pela própria felicidade. Assim, vamos falar das ordens. A primeira é: um pai ou mãe vieram primeiro. Eles deram a vida. Só este fato já é o suficiente para que o filho tenha profunda reverência por eles. E gratidão. Mesmo que eles não tenham suprido o filho com as necessidades de carinho, afeto e até mesmo materiais. Mesmo que tenham abandonado, maltratado, desprezado. Eles vieram primeiro. Sem eles, não teria a vida. E lógico, sem a vida, não teria o filho. Um filho que guarda mágoas ou até raiva dos pais está automaticamente desperdiçando energia que seria direcionada para a própria vida e para a criação dos próprios filhos – e sofrerá…

Parece duro, e sei que muitos pais deram razões para que seus filhos tivessem raiva e até ódio deles, mas este é o nosso quinhão de aprendizado espiritual desta vida. E quando percebemos que o que eles fizeram foi por absoluta impossibilidade e incapacidade de fazer melhor, e olhamos para os pais dos pais, começamos a acolher nossa vida e nossa infância como ela foi. Isso é libertador! Profundamente!

Por outro lado, os pais não devem mais interferir na vida dos filhos, a partir da idade em que eles estão prontos para a vida… e isso ocorre por volta dos 20 anos ou um pouco mais. Não digo que não deve haver relacionamento entre pais e filhos… o que eu digo é que, a partir daí, o filho deve se virar sozinho: os pais já deram o que era necessário para que eles crescessem. A felicidade ou infelicidade do filho não depende dos pais. Se eles se pegam nisso, é porque cobram os próprios pais de terem dado pouco, e transferem este sentimento de vitima aos próprios filhos… Depois falam que isso é amor. Pode?

E entre irmãos. O que Hellinger diz? Irmãos são iguais entre si. Ninguém tem que cobrar ninguém. Por uma questão temporal, o irmão mais velho tem um pouco mais de autoridade. Porém, entre adultos, isso é praticamente irrelevante. Não deve haver interferência entre irmãos. Não há esta necessidade, e se isso ocorre, mostra um emaranhamento sistêmico, onde irmãos se colocam no lugar de pai e mãe… Isso está totalmente fora da ordem.

Veja: estas regras são absolutamente simples, e se você analisar com cuidado, verá que são lógicas. Mas é importante dizer: elas são utilizadas principalmente onde existem questões emocionais, terapêuticas envolvidas. Pessoas estão sofrendo. Estão umas sobre as outras. Quando a relação é saudável, e lógico, respeitando as tradições culturais de povos onde as famílias são muito unidas, estas regras não são importantes. Mas quando existe esta confusão familiar, se aplicadas, principalmente após o trabalho com a constelação familiar sistêmica, elas produzem um resultado fabuloso de libertação para aquela pessoa que decide buscar sua liberdade, expandir sua vida e poder se dar mais ao próximo, às pessoas que realmente podem receber dela, ao invés de perder tempo e vida em relacionamento familiar distorcido. Somente assim, o verdadeiro amor pelos pais e pela família pode se manifestar. Sem culpa, sem cobrança, sem apego… e livre. E você? Como está a sua relação com a família?

Constelação sistêmica com Alex Possato e Aguinailda Rosa

5 Fatores do Sucesso Herdados dos Antepassados



Dentro dos trabalhos de constelação sistêmica, sejam nas familiares ou nas profissionais, vemos que as pessoas se identificam com estados emocionais vindos de algum familiar, às vezes distante. Como trabalhamos questões, digamos assim, problemáticas, pode parecer que só herdamos características “pesadas”, que trazem dificuldades, e não é bem assim… A ciência, desde os anos 50, está identificando algumas características de personalidade que eles atribuem aos genes, e cada pessoa possui todas as características, umas mais afloradas, outras menos. Não é a toa que vemos, por exemplo, uma linhagem familiar onde existem vários casos de pessoas empreendedoras, aventureiras, investidores… A constelação demonstra que as informações são passadas de geração em geração, e cabe ao próprio indivíduo se identificar com elas ou não se identificar. A boa nova é que esta identificação pode ser alterada, quando a pessoa toma consciência daquilo com que está identificado. Assim, se ele está identificado com um aspecto emocional que não lhe é adequado para ganhar dinheiro, ele pode se “desidentificar” e trabalhar outro aspecto que lhe seja favorável.
Vemos que isso pode ser feito com maior ou menor facilidade, dependendo do foco da pessoa.

Dois focos: fuga da dor ou busca do prazer
Existem dois focos principais, que norteiam as emoções, pensamentos e comportamentos das pessoas: fuga da dor ou busca do prazer. Como em tudo, na vida, temos sempre as duas coisas, em doses distintas. Ambos os focos, de certa forma, motivam e podem levar alguém a ganhar dinheiro. Por exemplo, a pessoa que “foge” do passado pobre, usa o sofrimento como fator motivador para prosperar. A questão é a dose. É como a história da vacina antiofídica: um pouco de veneno da cobra cura. Muito do veneno, mata…
Já a busca do prazer, é a mesma coisa: é um motivador que pode impelir pessoas ao sucesso. Mas a overdose disso pode levar alguém, por exemplo, às drogas e ao descontrole.
É necessário, na realidade, saber manter a distância deste tipo de foco. Nem a fuga da dor nem a busca do prazer devem ter muito crédito, porque este tipo de motivação está fortemente influenciado pelas emoções. Os melhores focos para empreender são aqueles baseados na auto-estima, no se achar bom o suficiente, e não em buscar algo ou fugir de algo.

As 5 características herdadas do sistema familiar

Vamos falar um pouco das características que você tem nos seus genes?

São: abertura para experiências, consciência, extroversão, afabilidade e neurose. São estas as 5 características que trazemos dos nossos antepassados, em maior ou menor grau, com diversas submodalidades entre elas. Lembro que o comportamento também é influenciado pelo ambiente, ou seja, quanto mais você se provocar a mudar coisas que não lhe são favoráveis, mais você adquire características que antes não tinha.

Abertura para experiências: este traço mede o quanto o sujeito é aberto a novas experiências e idéias. Fazer diferente, de jeito diferente, buscar o novo, aceitar idéias diferentes da sua são fatores importantes para você empreender, criar, inovar e ganhar dinheiro.

Consciência: mede o quanto você está “consciente” e afim de concluir suas metas, tomando para isso decisões que incluem disciplina, método, perseverança, flexibilidade. Saber se observar, se auto-motivar e mudar quando necessário é fundamental para o sucesso.

Extroversão: mede até que ponto você gosta de agir e atuar com pessoas. Ganhar dinheiro e fazer sucesso depende dos outros, afinal… quem é que vai investir em você? Quem é que vai aplaudi-lo? Quem é que vai comprar seus produtos? É bom que fique claro que extroversão, em termos de negócio, não é ser “aparecido”. Estamos falando em ganhar dinheiro, onde o sujeito tem claro foco em fazer negócios, contatos, networking. Isso pode e deve ser treinado.

Afabilidade: aí é um item muito interessante. Mas muito mesmo. Minha parceira Theresa, alemã, percebe no brasileiro uma característica muito grande de cooperação e de evitar conflitos. Isto não ocorre no povo germânico. E eu, que tenho origem japonesa e vivi três anos no Japão, também garanto que não é uma característica nipônica. A questão não é dizer que ser afável é certo ou errado. A questão é que a afabilidade pode ser extremamente prejudicial para quem é líder, empreendedor, para quem quer ser um sucesso. Como o mestre Nelson Rodrigues dizia, a unanimidade é burra. O líder sempre desafiará opiniões, sempre terá que afastar pessoas, ser duro em várias situações. Nada de mãozinha na cabeça. Isso é ótimo para pessoas que desejam ser e permanecer assistentes administrativos, mas não para quem quer ser sucesso.

Neurose: chegou o item que eu mais gosto. Herdamos também cargas de “neurose”, que influenciam nossos pensamentos e emoções. Este item diz sobre a capacidade que você tem de ter controle, estabilidade emocional. Mede até que ponto você reage forte e negativamente diante das tensões da vida. Quase todos nós somos mais ou menos neuróticos. A questão não é essa. Nem quer dizer ser feliz e iluminado o tempo todo. Estamos falando de sucesso. A questão é saber colocar as emoções de lado e fazer aquilo que é o mais correto sem deixar-se interferir pelos seus medos, taras, ansiedade. Somos um povo muito expansivo em relação às emoções, o que eu vejo com bons olhos. Adoro ver gente sincera, estejam elas felizes ou tristes. Mas quando o assunto é agir diante de um rombo no orçamento (e eu disse agir, e não ficar esperando enquanto a situação se resolva de alguma forma), a capacidade de controlar a emoção é fundamental, e diferencia os fracos dos fortes, os vencedores dos fracassados. É isso, não há meio termo.

Todos estes atributos são trabalhados na constelação sistêmica familiar e profissional, e podem ser modificados, principalmente porque todos eles possuem um forte cunho emocional atrelado. Quando alteramos a emoção, abrimos espaço para novos comportamentos.

(Alex Possato)

quarta-feira, julho 04, 2012

Constelações Organizacionais - por Gunthard Weber & Brigitte Gross


O que é possível conseguir com a Constelação Organizacional (CO)?

A constelação organizacional se presta à obtenção de informações relevantes sobre um sistema em tempo surpreendentemente curto. O tamanho do sistema não tem grande importância. A constelação pode girar, por exemplo, em torno da cooperação entre várias empresas de um grupo, ou em torno da questão “por que uma equipe pequena tem de aguentar durante longo tempo uma alta taxa de flutuação de seus membros”.
A constelação organizacional pode ser usada pelo cliente para definir seu próprio lugar e papel dentro do sistema em que trabalha, que ele lidera, supervisiona ou assessora.
Os observadores participantes podem assumir, como representantes, diversos papéis, podem experimentar os processos de uma perspectiva interna ou externa, aprendendo aspetos importantes sobre a organização, talvez até como “clandestinos”.
A constelação organizacional pode servir de subsídio para a tomada de decisões iminentes (p. ex. questões sucessórias, preenchimento de cargos e outras mudanças pessoais ou econômicas).
A CO fornece indícios sobre relações e estruturas (coalizões, concorrência, rejeição, exploração, abuso de poder, dinâmica de bode expiatório) e sobre débitos do passado (p. ex. pela não menção dos méritos de um co-fundador ou pelo esquecimento de colaboradores afastados ou excluídos), informam sobre a percepção que se tem do desempenho dentro de um sistema, revelam confusões de contexto (p. ex. entre relações particulares e de serviço ou conchavos que ultrapassam os níveis hierárquicos).
As constelações se prestam de modo especial para empresas familiares porque podem indicar que a solução de um problema depende mais da família dos proprietários ou dos executivos da empresa ou se existe a necessidade de mudanças em ambas as áreas.
Constelações organizacionais informam sobre falta de apoio e de recursos sobre riscos de saúde sobre a orientação de uma organização em tarefas, no cliente ou em objetivos e sobre a energia e o clima dentro de um grupo de trabalho.
Com a ajuda de CO é possível representar determinados cenários (p. ex. piora da situação ou diferentes tipos de desempenho)
Estas são apenas algumas situações-modelo ou questionamentos em que as Constelações Organizacionais se revelaram úteis. O próprio Grupo de CO já é um ótimo modelo de tratamento e cooperação num clima de trabalho em que há respeito, incentivo e apoio mútuos.

Com quem é possível fazer Constelações Organizacionais?

A CO não serve para sistemas formados ocasional ou provisoriamente. Mesmo com funcionários de uma única empresa ou instituição devem ser usados com muito cuidado. A observação mútua é muito mais forte, e as consequências das palavras e das constelações têm mais peso para os funcionários, de modo que costumam prevalecer considerações de precaução e estratégia. Muitas vezes, os elementos de um sistema dispõem de grande quantidade de informações prévias que podem distorcer a percepção das sensações que fazem parte de um lugar de colocação. Diferenças de nível hierárquico e relações momentaneamente carregadas também podem distorcer as manifestações.
A CO pode ser útil mesmo nos casos em que o ambiente da empresa é marcado por respeito mútuo, um clima de cooperação e dedicação inovadora e aberta a experiências.
Há pouco realizamos seminários desse tipo. As nossas primeiras experiências nesses contextos são animadoras, mas é necessário aguardar o feedback de médio e longo prazo. Nesse caso precisa-se trabalhar com muito cuidado e atenção redobrada para tomar em consideração e abordar, conforme o caso, o grande número de consequências, de interações e de efeitos secundários. É relativamente fácil fazer esculturas organizacionais nas quais um elemento da organização coloca os seus colegas do modo que ele percebe o seu inter-relacionamento. Mas assim se revelam antes de tudo relações atuais (p. ex. proximidade/distância ou simpatia/antipatia) sem produzir, segundo a nossa experiência, o mesmo efeito de confronto e alívio da CO.
Os melhores resultados obtivemos com grupos de CO em que foram reunidos elementos de várias áreas e organizações que não se conheciam antes. Nesse caso, todos se sentem protegidos e livres e têm o mesmo valor. Todos experimentam um amplo leque de constelações e, por isso mesmo, uma grande gama de soluções possíveis. Para esse tipo de seminário parece mais indicada a duração de dois a três dias.

Princípios do trabalho de constelação organizacional

Passamos a descrever alguns princípios básicos que orientam o nosso trabalho.

O direito de vínculo
Nas organizações, todos têm o mesmo direito de fazer parte. Mas esse direito acarreta também a obrigação de prestar uma contribuição condizente com a respectiva posição dentro do sistema no sentido de conservar e renovar a organização (veja abaixo). Normalmente, a organização cuida por sua vez de seus funcionários incentivando-os, e os funcionários se mostram leais à organização e comprometidos com as metas desta. Se um dos dois lados lidar levianamente com a vinculação do outro (p. ex. praticando um ‘outsourcing’ insensível ou adoptando uma mentalidade de receber tudo da empresa) surge uma espécie de débito na organização que onera a relação de confiança dos funcionários e sua dedicação e vice-versa.

Dar e receber
Nas organizações existe, portanto, uma espécie de contabilidade (Boszomenyi-Nagy, 1981) sobre o que um tem dado ou negado ao outro. Balanços desequilibrados fomentam a insatisfação e sentimentos de culpa exigindo um ajuste. Quem sofreu injustiças ganha poder, e quem costuma dar mais do que receber promove a ruptura das relações. Tanto o assistencialismo exagerado quanto à exploração têm as suas consequências.

A troca do dar e receber cria também nesses sistemas, vínculos e obrigações recíprocas entre os funcionários e a organização (“Meu avô foi o número 143 na Bosch e eu também trabalho lá”). Em algumas empresas tradicionais, por exemplo, até a poucos anos era difícil ser dispensado um funcionário que se mostrasse leal para com a empresa, mesmo que cometesse alguns deslizes mais graves. Trata-se, no entanto, de um vínculo que é menos forte do que nas famílias. Quanto maiores e impessoais se tornarem as organizações (por exemplo, os grupos multinacionais) e quanto maior for a mobilidade exigida, tanto menos esses processos serão considerados por ambas as partes.

Tem preferência quem está mais tempo na empresa
Quando se trata de funcionários do mesmo nível, tem direitos mais antigos aquele que está há mais tempo na empresa. Os que chegaram depois dele deverão respeitar esses direitos. Esse princípio se aplica sobretudo aos iniciadores e fundadores da organização. Mesmo que a preferência seja das pessoas hierarquicamente superiores, convém a estas que saibam apreciar a experiência e os méritos daqueles que chegaram antes delas na organização. Do contrário, as novas vassouras varrerão com menos eficiência.

A liderança tem prioridade
As organizações têm necessidade de liderança. Mas a liderança precisa ser justificada por meio de resultados e desempenho adequado na respectiva função. Só assim o dirigente passa a ter autoridade e estima em sua posição. Mitos do tipo “Somos todos iguais” só criam insegurança e conflitos de relacionamento. Nesse caso, a equipe fica preocupada em saber como o chefe gostaria de decidir, ou surgem longas discussões infrutíferas quando é necessário tomar uma decisão. Num grupo de iguais, cabe a prioridade ao iniciador. O responsável pelas finanças da organização que cuida da sobrevivência econômica do sistema tem prioridade sobre os demais dirigentes. Assim, num hospital cabe a prioridade ao diretor administrativo e não aos médicos-chefes.

É preciso reconhecer o desempenho
Quando alguns funcionários, apesar de posição e remuneração iguais, têm competências ou habilidades especiais que garantem o sucesso e o desenvolvimento da organização, é necessário que se dê a estes reconhecimento especial e incentivo pelas contribuições prestadas, para que possam continuar na organização.

Nas constelações, esse fato não costuma manifestar-se em posições especiais e sim por meio de observações de reconhecimento da parte de dirigentes (p. ex. “Reconheço o seu empenho e a sua contribuição para o nosso sucesso e fico feliz em poder continuar trabalhando com você.”) Quando alguém se sacrificou pela organização a ponto de perder até a vida por ela, convém manter viva a sua lembrança.

Ir embora ou ficar
Em Constelações Organizacionais também surge frequentemente a pergunta: alguém precisa ir embora ou pode ficar? Pode ficar quem precisa da organização e que corresponde ao posto que ocupa e à função que exerce. Quem não precisa mais da organização pode perder alguma chance interessante se continuar dentro dela. Às vezes é necessário também que alguém vá embora porque prejudicou sistemática ou egoisticamente outros dentro do sistema. Caso ele não vá embora ou não seja mandado embora, surgem lutas, problemas relacionais, desmotivação e perda de confiança. Funcionários excluídos, indevidamente dispensados, expulsos ou não promovidos por motivos não técnicos costumam emperrar ou perturbar o clima da empresa, às vezes são representados e imitados por seus sucessores.

Às vezes fica claro que um nível hierárquico se tornou supérfluo ou que existem funcionários demais para o trabalho a ser feito. Nesse caso é possível verificar, por exemplo, que a respectiva equipe encontra a solução criativa, porém improdutiva, de se revezarem em faltas por motivo de doença. Por outro lado, a constelação pode mostrar também que existem postos sobrecarregados de funções.

Nos casos de demissão da organização é importante tanto para a organização quanto para o funcionário em questão que o desligamento se realize num clima de compreensão e respeito mútuo, para que a organização continue sem ter problemas e o ex-funcionário chegue bem em seu próximo emprego. Muitas vezes se enfraquece quem volta à organização da qual saiu.

Bons rituais de boas-vindas e de despedida facilitam esses processos nas organizações. Nas constelações, esses processos podem ser manifestados, por exemplo, pelo uso de determinadas frases.

Organizações são sistemas voltadas para tarefas
Existem muitos grupos de trabalho que perderam de vista grande parte de suas tarefas. Os funcionários começam então a se ocupar consigo próprios, com problemas de relacionamento ou com queixas contra “os de cima” e a situação. Quando o coordenador de um grupo de CO chega a ter essa impressão, é importante confiar a alguém o cuidado com a tarefa, a meta ou os clientes.

Fortalecimento ou enfraquecimento?
Na constelação de uma organização fica logo aparente se alguém ocupa seu lugar com energia boa e tranquila ou se está enfraquecido. No lugar certo e adequado, a pessoa se sente segura, despreocupada e com boa energia. Por isso é tão importante encontrar esse lugar. Em postos usurpados, as pessoas têm fantasias de grandeza e de portam com arrogância. Em postos que enfraquecem, as pessoas não se sentem valorizadas, não se dão valor, ou falta-lhes apoio. Sensações de fraqueza reveladas por clientes em Constelações Organizacionais estão frequentemente ligadas a padrões ultrapassados e ao contexto de destinos familiares da origem.

O novo e o velho
Novas ideias são aceitas com dificuldade em organizações que não sabem dar valor àquilo que existe atualmente e que geralmente garantiu bons resultados durante longo tempo. É melhor prestar primeiro reconhecimento ao que existe, em vez de atacar logo o antigo para impor as suas próprias ideias e planos. O recém-chegado deve primeiro procurar orientar-se vendo aquilo que é válido dentro do sistema e inserindo-se nele. O mesmo vale também para grupos de projeto. Mas não é necessário mostrar a todo momento o quanto se estima o antigo. Trata-se sobretudo de uma atitude interior. Os convencidos atrapalham a sua própria vida e a dos outros na organização. Em geral não ficam por muito tempo. Com um procedimento desses, até reais competências podem ser mal empregadas provocando rupturas.

quarta-feira, maio 30, 2012

Alguns aprendizados na experiência de ser mãe...


Querido filho... Hoje quando brincávamos de bolhas de sabão no gramado de nossa casa, olhei você sorrindo e pensei no quanto sou abençoada e feliz... E o seguinte texto começou a se desenhar em minha mente... Mas, saiu do meu coração...


"Alguns aprendizados na experiência de ser mãe...

Ainda tenho muitas coisas a aprender na vida e sobre as crianças... Mas, tem algumas coisas que já aprendi e estou aprendendo com meu filho Rodrigo
Sim, as crianças entendem e sentem muito mais do que imaginamos....
Ser firme é bem diferente de ser duro...Paciência e bom humor são fundamentais...
Liberdade criativa não é o mesmo que falta de limites.
Ser uma figura forte, não significa que você não possa pedir desculpas...
Eles quase não escutam o que você diz, mas certamente observam tudo o que você faz...
Se algo não está bem com seu filho, observe o que está acontecendo com você, com as pessoas próximas a ele...Ou em casa...
Ajude-o a fazer uma coisa de cada vez, a observar e curtir as pequenas coisas da vida, aproveite para aprender a fazer isso com ele... A rir de coisas simples e ver a beleza da vida... Isso vai ajuda-lo no futuro...
E seja qual for a sua crença religiosa... Ensine a ele que podemos crer em algo que transcende nossas existências e que é maior do que nós...
E que as coisas mais importantes na vida são aquelas que você leva com você para onde for... E que muito mais importante do que TER é o SER... E o ser para ele mesmo e não para os outros...Porque ninguém dá o que não tem...
Deixe o pai dele, ser o pai dele... chame-o, introduza-o na relação, não espere que ele tome a atitude, faça isso pelo seu filho...Aliás, deixe que ambas famílias ocupem um lugar no coração desta criança, são as raízes dele, sua ancestralidade, que o ancoram na vida...
Seja generosa, nem sempre é fácil, mas o amor é generoso, outras pessoas podem ocupar um lugar no coração do seu filho...Afinal, ele não é nosso, não nos pertence... E alguns dos maiores presentes e legados que podemos deixar para nossos filhos: amor, leveza, carinho, alegria, otimismo, bom humor e a liberação para que façam a história DELES!
Não há nada que faça uma criança se sentir mais amada do que você parar o que está fazendo e olhá-la nos olhos, separar um tempo do seu dia “corrido”, sentar com ela no chão e brincar, olhar o mundo sob a ótica dela...
A vida é feita destes momentos...Quando olho para minha infância, me esforço p/ recordar de uns poucos brinquedos (e eu tinha muitos!), mas recordo-me com facilidade dos sons, dos cheiros, das texturas...De quem brincava comigo e das minhas diversões...
Importante: nunca tenha um filho para preencher um espaço vazio, preencha-se antes de si mesma e seja uma mãe inteira para ele, vocês merecem. E lembra-se: ele vai partir para a vida um dia, pois não lhe pertence! E ele aprenderá muito com você, se você também buscar sua felicidade e não ser somente mãe dele, há outros lugares para ocupar na vida... E isso o fará sentir-se leve, sem débitos com você...
Outra coisa... Percebo que muitas vezes os pais não tratam seus filhos com inocência e então, eles parecem “perder” tb a inocência muito cedo... Uma criança não é seu colega de trabalho, não faz as coisas "só para te provocar", ele é seu filho, é seu pequeno e precisa do seu olhar, seu sorriso e seu amor... Dê a ela uma chance de sonhar, de ser criança...
Pois é... aprendemos muito com os filhos... se nos dermos esta chance... É mais uma chance que a vida nos oferece de fazer algumas revisões e de ser feliz!!! Afinal, ser feliz é o que importa, senão, não vale a pena..."

terça-feira, abril 17, 2012

FERE, A CRIANÇA QUE FOI FERIDA


As crianças nascem sempre com disponibilidade para o impulso de buscar os pais, porém nem sempre encontram seus pais disponíveis. Estão eles muitas vezes envolvidos com suas questões, algumas bem visíveis (trabalho, entretenimento, intrigas etc.) outras mais abstratas, quem nem mesmo os adultos têm consciência chamadas de emaranhamentos.
Em um experimento com bebes foi sugerida a seguinte questão: crianças eram filmadas por alguns minutos em sua cadeirinha, quando sua mãe entrava no mesmo espaço em que ela se encontrava imediatamente o impulso era de se jogar para a mãe para ser vista, essa a acolhia com brincadeiras e carícias, devolvendo-lhe a atenção. Outra criança era também filmada na mesma situação, porém essa mãe não correspondia aos anseios e impulsos do filho. Depois de um tempo a segunda criança começou a disfarçar suas emoções. Olhava para a mãe com o rabo dos olhos. E assim fizeram por três vezes, por alguns minutos apenas, quebrando depois essa atitude para que não prejudicasse a criança. Notou-se que, quando essa atitude é repetida por muitas vezes, a criança se desvincula da posição de ser vista e se recolhe, sentindo-se assim  não vista. Alguns profissionais dizem para as mães deixarem a criança chorar, pois, depois de um tempo ela vai parar e depois disso aprende o comportamento. Na verdade o que acontece é que a indisponibilidade dos pais em resposta a esse ato espontâneo da criança, a faz sentir-se só e desprotegida em suas necessidades. Essa dinâmica reduz a criança a um adulto desconfiado, sem interesse pelas coisas, surgem sintomas como começar atividades e não termina-las, dá-se o nome de amor interrompido, ou ainda criança ferida.
Outro experimento que pude fazer bastante interessante é tendo um cliente já adulto com essa dinâmica, com os olhos vendados sem que ele saiba. Colocamos duas pessoas representando seus pais, então o cliente sente o campo e reage mesmo de olhos vendados. Alguns pais dizem que queriam muito que seus filhos se desvinculassem, porem não se desvincula o que não foi vinculado. A criança aqui em questão, o jovem, não sente força para deixar seus pais, tornam-se muitas vezes rebeldes sem causa, pelas dinâmicas que vivenciou na infância. Entre elas podemos citar: “meus pais não me olham, são fracos, devo cuidar deles”, “eles não me deram o que precisei agora não quero mais”, existem outras, mas, aqui não se faz necessário apontá-las. Fica então a criança dividida entre ficar e ir, ficar e ir. Para ficar e receber, é como se o que tem para receber fosse venenoso pelas questões que vivenciou na infância, por outro lado se não recebe, não tem contato, isso se torna muito cansativo levando-a a sentir-se sem força, sem energia para olhar suas próprias coisas, sua vida. Pense num carro onde alguém pisa no freio e acelerador, freio e acelerador, ufa! isso é bastante cansativo. Não existem jovens aproveitadores dos pais, que é o que ouço muitas vezes. O que existe é a falta de vínculo para depois haver o desvínculo. Ao contrario do que pensam algumas pessoas, não é nada confortável não ter forças para olhar para sua própria vida. É o que escuto de muitos jovens em meu consultório. Não que erramos com nossos filhos, pois, só podemos dar aquilo que recebemos, porém já é tempo de acordarmos e desatar esses nós, sem julgamentos. Hoje somos adultos e podemos segurar nossa criança ferida e dar a ela o que precisa. Como disse Nilton “nunca é tarde demais para se ter uma infância feliz”. Se assim fizermos, daremos aos nossos filhos a chance de se desprenderem desse nó sem transferir para seus filhos, nossos netos.

Por: Angela Maria Campos Rocha Raboni  

segunda-feira, março 05, 2012

Diferença entre Psicoterapia e Autoajuda



Espero que aqueles que escrevam ou gostem de autoajuda, incluindo amigos meus, não se sintam ofendidos com o que vou falar. Não é nada pessoal, mas não posso deixar de manifestar o que penso a respeito.

Sempre pensei na Autoajuda como Psicologia descontextualizada, extremamente simplista e rasa. Começo por dizer que a Psicoterapia é tão antiga quanto a humanidade. A autoajuda nasceu no mundo contemporâneo, no sistema capitalista.

A Psicoterapia é um processo permanente, uma autoconstrução engajada, um despertar da alma para a evolução. A autoajuda é um alívio instantâneo e passageiro, uma brisa, não deixa marcas e nem engaja o indivíduo num esforço comprometido.

A Psicoterapia é deflagrada por influências de grandes mestres, cientistas, de pais e mães, de educadores e grandes pensadores que tocam a alma, transformam a vida, conferem sentido à existência. A autoajuda é vendida por escritores ralos, com escritos simplistas, que estão interessados em exibir frases bonitas e bem arranjadas e por editores que querem ganhar dinheiro.

A Psicoterapia precisa estar embasada em profundo conhecimento, científico e filosófico, do ser humano: de seus aspectos biológicos, psicológicos, sociais, espirituais… A autoajuda não tem raízes teóricas, não tem fundamentos filosóficos e muito menos preocupação com rigor científico.

A Psicoterapia propõe mudanças e atitudes radicais no indivíduo e na sociedade; não é fácil modificar e modificar-se. A autoajuda está mais interessada em agradar os leitores do que provocar reflexão, autocrítica e crítica social.

A Psicoterapia se faz sempre na relação entre os seres humanos, relação autêntica, afetiva, que pode ser amparada por livros e idéias, mas só se dá no diálogo e na relação entre dois ou mais indivíduos. A autoajuda promete melhorias individualistas, felicidade fácil, panacéias inócuas, “receitas de bolo”.

A Psicoterapia faz com que as pessoas se sintam responsáveis por si e pelo outro, responsáveis pela sociedade, responsáveis pelo planeta; atuantes no universo/meio em que vivem. A autoajuda atende aos desejos de sucesso financeiro, de prazer sexual, de autocura ilusória – enfim, tudo o que o egoísmo quer, sem muito esforço e responsabilidade.

A Psicoterapia não dá receitas, propõe processos; não lida com o sucesso a curto prazo, mas com a realização integral para a eternidade; não se compra em supermercado ou banca de jornal. Esse processo não precisa ser difícil, mas também não é mágico…é fruto de coragem, comprometimento e dedicação consigo mesmo. A autoajuda, ao invés, é mercadoria em toda parte, está sempre ditando regrinhas tolas para uma realização pessoal rala, sem consistência.

Enfim, a Psicoterapia faz parte do nosso propósito existencial – fomos lançados no universo para nos fazermos a nós mesmos, através de múltiplas vidas e atingirmos a plenitude de virtude, ciência e capacidade criadora. É um processo integral.

E a autoajuda é um movimento editorial comercial, cujo interesse maior é distrair as mentes, agradar ao ego, sussurrar frases feitas e ganhar rios de dinheiro à custa de pessoas… – pessoas que muitas vezes estão perdidas de si ou em desespero, esperando que algo externo as liberte do labirinto. O que não é possível nem duradouro, visto que tudo começa e termina dentro de nós.


Esta é uma adaptação do texto de Dora Incontri, que chegou até mim através do meu querido amigo-irmão, Rodrigo Passini Moreno. Neste texto, Dora se propôs a falar de forma clara as diferenças entre a Educação e Autoajuda, tomei a liberdade de adaptá-lo quanto as diferenças entre a psicoterapia e Autoajuda.

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

SOBRE O CUIDAR, O AJUDAR... As Ordens da Ajuda.

Você sabe CUIDAR? 
O que é cuidar? Alguém lhe ensinou? Você aprendeu sozinho? 
Como você sabe que o que está oferecendo é a medida que o outro precisa? Tem qualidade? Tem quantidade? É constante? É verdadeiro? É o seu melhor?
Está se escondendo, "disfarçando", oferecendo "migalhas" com medo de lhe faltar? Ou você está "salvando", será que está dando mais do que tem? Ou usando o lugar de salvador para não olhar p/ si mesmo? Está se salvando? Neste aspecto, quem está salvando quem?
E do que temos tanto que nos salvar e salvar o outro? Da vida? E quem disse que podemos controlar essa tênue e frágil existência? Tem amor que cura e tem amor que adoece, que amor é o seu? Qual a qualidade do amor que ofereço ao outro? A mesma qualidade do amor que ofereço a mim mesma.
Achei interessante compartilhar e também compartilhar quais são "As Ordens da Ajuda" de Bert Hellinger (Constelações)


- A primeira ordem da ajuda consiste em dar apenas o que temos, e em esperar e tomar somente aquilo de que necessitamos. A primeira desordem da ajuda começa quando uma pessoa quer dar o que não tem, e a outra quer tomar algo de que não precisa
- A segunda ordem da ajuda é, que ela se amolde às circunstancias e só intervenha com apoio na medida em que elas o permitem. Essa ajuda mantém reserva e possui força. Há desordem da ajuda, neste caso, quando o ajudante nega as circunstâncias ou as encobre, ao invés de encará-las, juntamente com a pessoa que busca a ajuda. 
- A terceira ordem da ajuda seria, que, diante de um adulto que procura ajuda, o ajudante se coloque igualmente como um adulto. Com isso, ele recusa as tentativas do cliente para fazê-lo assumir o papel dos pais. A desordem da ajuda consiste aqui em permitir a um adulto que faça ao ajudante as exigências de um filho a seus pais. 
É o reconhecimento dessa terceira ordem da ajuda que constitui a mais profunda diferença entre o trabalho das constelações familiares e psicoterapia habitual. Pois, muitos ajudantes, por exemplo, na psicoterapia e no trabalho social, acham que precisam ajudar os que lhes pedem ajuda, da mesma forma como os pais ajudam seus filhos pequenos. Inversamente, muitos que buscam ajuda esperam que os ajudantes se dediquem a eles como os pais se dedicam a seus filhos, no intuito de receber deles, tardiamente, o que esperam e exigem dos próprios pais. O que acontece quando os ajudantes correspondem a essas expectativas? Eles se envolvem numa longa relação. Aonde leva essa relação? Os ajudantes ficam na mesma situação dos pais, em cujo lugar se colocaram com essa vontade de ajudar.
- A quarta ordem da ajuda é quando o ajudante realmente percebe o cliente a partir do momento em que o vê junto com seus pais e antepassados, e talvez também junto com seu parceiro e com seus filhos. Isto significa que a empatia do ajudante precisa ser menos pessoal e – principalmente - mais sistêmica. A desordem da ajuda, neste caso, consistiria em não contemplar nem honrar outras pessoas essenciais, que teriam em suas mãos, por assim dizer, a chave da solução. Incluem-se entre elas, sobretudo, aquelas que foram excluídas da família, por exemplo, porque os outros se envergonharam delas.
- A quinta ordem da ajuda é portanto o amor a cada pessoa como ela é, por mais que ela seja diferente de mim. A desordem da ajuda seria aqui o julgamento sobre outros, que geralmente é uma condenação, e a indignação moral associada a isso. Quem realmente ajuda, não julga.


Como já disse... Ajudar e cuidar não é para qualquer um... Poucas pessoas entendem verdadeiramente o significado disso...
Eu? Eu também estou me dando o direito de viver, aprender e resignificar tudo isso...